Filme-documentário sobre o conflito da Zona do Contestado é exibido na Câmara de Vereadores de Barra de São Francisco

07 de julho de 2022 às 10h21.

A advogada e atual secretária municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Lislei Moreira Batista, 38 anos, que fez parte da mesa de apresentação do filme-documentário “Contestado, a Guerra sem Tiros”, do cineasta mantenense Cloves Mendes, falou sobre a felicidade de ver o seu avô, Adão Alves Batista, falecido recentemente, falando sobre o conflito da Zona do Contestado no filme exibido na noite desta quarta-feira, 6, na Câmara de Vereadores de Barra de São Francisco, com apoio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Cultura, Turismo e Geração de Empregos (Semdege).

Além de Lislei, o pai dela, ex-professor e oficial de Justiça aposentado, Odnir Batista, também marcou presença na exibição, assim como antigas lideranças políticas da região, como os primos José Cipriano da Fonseca, o Dr. Zezinho e Perly Cipriano, ex-deputado estadual.

Ambos viveram os tempos do Contestado e teceram muitos elogios ao cineasta e seus parceiros na produção do filme.

“Para mim, esse documentário é muito importante, para deixar registrada a história desse conflito, que durou muitos anos e trouxe uma rivalidade muito grande aos municípios da divisa”, disse Dr. Zezinho.

“Eu gostei muito do documentário, só acho que a inserção da história do Estado da União de Jeovah, em Cotaxé, ficou um pouco fora do contexto”, opina Perly, que sugeriu ainda a criação de um museu a céu aberto em Barra de São Francisco, com equipamentos usados naqueles tempos.

No filme, o prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anjos, que também foi testemunha do conflito, relata algumas situações e lembra que a rivalidade era tanta que, os rapazes de Mantena não podiam namorar as meninas de Barra de São Francisco e vice-versa. “Hoje, temos duas comunidades totalmente integradas, as pessoas tem um convívio tranquilo e pacífico”, comenta ele na película.

Na plateia da exibição, também esteve uma turma do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Bastos, acompanhadas pela professora de História, Raiane e do professor de Geografia, Vinicius. Eles destacaram a importância do filme para que as crianças tenham conhecimento do conflito e de sua dimensão.

O jornalista Rogério Augusto dos Santos, co-produtor do filme e também morador de Mantena, destacou que nunca mais haverá um filme como esse.

“Acho que a maior parte das pessoas entrevistadas, já não está mais entre nós, por isso, esses depoimentos são tão preciosos e o documentário se reveste de grande referência para as gerações atuais”, comenta.

A exibição do filme-documentário, que foi lançado no Cine Metropolis, da Ufes, no dia 1º de julho, já aconteceu em Mantena, terra do cineasta

O cineasta Cloves Mendes, presente na noite desta quarta-feira, 6, na Câmara Municipal de Barra de São Francisco para a exibição do seu documentário “Contestado, a Guerra sem Tiros”, disse à nossa reportagem que, nas condições econômicas atuais, seria melhor para Mantena (MG), voltar a pertencer ao Espírito Santo.

Nascido em Mantena, sobrinho do primeiro prefeito do município, Cloves Mendes, que vive há anos no Espírito Santo, está fazendo um périplo pela região para exibir o seu documentário, que conta, através de muitas entrevistas, uma parte da história da “Zona do Contestado”, conflito territorial encerrado em 1963.

Como foi feito o documentário

No dia 16 de janeiro de 2013, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), anunciavam o lançamento do curta-metragem “Contestado 50 anos”, do cineasta Cloves Mendes, em parceria com Romulo Mussielo pela passagem dos 50 anos do final do conflito na região de divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo, que se estendia desde Iúna e Afonso Cláudio, que faziam limite com Mutum (MG) até Ecoporanga, já no extremo noroeste do Espírito Santo.

O curta, que tinha 30 minutos de duração, reunia depoimentos de personalidades regionais e pode ser considerado a base para o lançamento do filme documentário “Contestado, a Guerra sem Tiros”.

O longa também será exibido no dia 8 em Mantenópolis e nos dias 9 e 10 em Água Doce do Norte e Santa Luzia do Azul, na praça principal. Em Ecoporanga e Cotaxé, as datas ainda estão por definir. As sessões são sempre às 19h.

A ideia, segundo Cloves, é que, futuramente, “Contestado, a Guerra sem Tiros”, chegue também às cidades do sul da Bahia. Estão previstas exibições em Belo Horizonte e Governador Valadares em setembro, mas os dias ainda não foram definidos.

Sobre o cineasta

Cloves Mendes, que nasceu em Mantena, Minas Gerais, é sobrinho de José Fernandes Filho, o Fernandinho, que geriu essa cidade em parte da década de 50, auge da disputa do Contestado. Por isso, o assunto era muito presente em sua família. Ele recorda que a disputa pelo território que abrange parte dos três Estados durou cerca de um século, findando somente com um acordo feito em 1963, que definiu as áreas que cabiam a cada unidade federativa.

O cineasta destaca que, em meio à disputa de terra, Barra de São Francisco, no noroeste do Espírito Santo, ficou conhecida como Sentinela Capixaba, por ter sido formado ali um grupo de resistência, pois acreditava-se que soldados mineiros adentrariam o território capixaba por meio dessa cidade para chegar até o litoral. Ele recorda ainda que, em 1956, auge da disputa, em um mês foram registradas 68 mortes em Mantena e 62 em Barra de São Francisco.

Essa disputa, relata, acabou fazendo com que surgissem lideranças como Udelino Alves de Souza, que queria criar na região o Estado União de Jeová, cuja capital seria em Cotaxé, Ecoporanga. "Ele chegou a criar um hino e cidades", diz o cineasta, que recorda ainda que foi dada trégua na disputa do Contestado para combater o Estado União de Jeová. Quando tiveram êxito, a disputa do Contestado foi retomada.

O documentário, que tem 80 minutos, demorou 12 anos para ser finalizado. "Algumas das pessoas entrevistadas até já morreram nesse período, como Setembrino Pelissari, que era deputado estadual na época do acordo que deu fim à disputa", diz Cloves.

Uma das dificuldades para a finalização foi a falta de patrocínio. Desses 12 anos, oito foram de paralisação total do processo de produção, retomado durante a pandemia, quando Cloves resolveu fazer uma vaquinha virtual e conseguiu arrecadar maior parte do dinheiro que faltava para finalizar a obra, que era pouco mais de R$ 30 mil.

 

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