Secretaria de Saúde de Barra de São Francisco e Sesa abrem campanha de vacinação contra a meningite

Meningite matou dezenas de crianças em Santo Antônio (Tatu), entre as décadas de 1950 e 1970 e volta a assustar no Estado

12 de julho de 2022 às 12h48.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) está preocupada com os casos de meningite que tem ocorrido no Estado. Dados do mês de julho dão conta de mais de 140 casos e 28 mortes no Espírito Santo, em torno de 20%. A preocupação é maior devido ao surgimento de casos na região noroeste do Estado.

A meningite é prevenida com vacinação. Estão disponíveis na rede municipal de saúde, as doses da vacina para prevenir a doença.

Diante do agravamento do quadro, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), abriu esta semana a vacinação contra a meningite meningocócica C, para adolescentes entre 13 e 19 anos que não foram vacinados, profissionais da Saúde e crianças de 3, 5 e 12 meses (mediante avaliação do cartão de vacinação).

“O quadro é preocupante, porque já temos casos muito próximos de nós e, apesar dos avanços da medicina, a doença ainda é muito perigosa e pode levar à morte ou a sequelas graves”, explica o secretário municipal de Saúde, Elcimar de Souza Alves.

O objetivo da disponibilização da vacina para estes grupos é diminuir a incidência da doença meningocócica, meningite bacteriana que causa infecção das membranas que recobrem o cérebro. Ela é considerada a mais grave das meningites.

"A proteção aos adolescentes acontece, especialmente, por esse grupo ser o principal responsável pela manutenção da circulação da doença na comunidade. Já nos trabalhadores da saúde, a recomendação se dá considerando a gravidade e a letalidade da doença", explicou a Sesa.

Quem pode se vacinar

Adolescentes de 13 a 19 anos que não receberam quaisquer imunizantes contra a doença meningocócica (meningocócica C ou ACWY) e trabalhadores da saúde, independentemente da idade.

A Semus informa que mulheres grávidas, que pertencem a estes dois grupos, devem apresentar orientação médica.

Onde se vacinar

Os imunizantes estão disponíveis em Barra de São Francisco nas unidades de saúde do Bambé, Alvino Campos (Centro/Pavilhão), Irmãos Fernandes e Vila Vicente.

Surtos mataram dezenas nas décadas de

1950, 1960 e 1970 em Santo Antônio

“Meu pai conta que por aqui, só havia tratadores e eu fui levado até um deles, não me lembro o nome, mas o tratador disse que não iria adiantar nada, que a doença não tinha cura. Mas, como eu era o único filho, ele decidiu me levar até Barra de São Francisco, até o doutor Fenelon e, ao me examinar e medicar, o médico disse que se eu tivesse demorado mais uma hora pra chegar, talvez não me salvasse.”

O relato é do produtor rural da região do distrito de Santo Antônio (Tatu), Adilton Gonçalves, 68 anos, por quatro vezes eleito vereador em Barra de São Francisco, que, aos oito meses de idade, chegou a ser desenganado pelos ‘tratadores’, por conta da meningite, doença infecçiosa grave que pode ser causada por vírus, bactérias e fungos e por isso a transmissão pode ocorrer de pessoa para pessoa através de secreções e gotículas de saliva, bem como através de objetos e ambientes contaminados.

“Felizmente, eu escapei sem sequelas, mas, anos mais tarde, fui saber que dezenas de crianças, principalmente de famílias alemãs (luteranas), morreram devido à meningite aqui no distrito de Santo Antônio. Tem até um cemitério luterano, apesar de ser chamado de cemitério de São Pedro, onde estão os pequenos túmulos, mas no cemitério da sede do distrito também há muitas vítimas da doença enterradas”, relata Adilton.

O produtor rural conduziu a reportagem da Secom/PMBSF até o cemitério de São Pedro, onde se pode constatar uma grande quantidade de túmulos, muitos já com as informações sobre os mortos ilegíveis, mas também muitos outros com sobrenomes conhecidos na cidade, como os Holz, os Binow, Golt, Gebert e Beling, entre outros.

Na maioria dos túmulos, crianças que morreram no dia do nascimento ou uma semana, um mês, no máximo dois anos depois de nascidas.

“São todas vítimas da doença que teve alguns surtos, no final dos anos 1950, no início dos anos 1960 e também no início da década de 1970”, descreve Adilton.

Em rápida pesquisa na internet, pode-se observar que “a maior epidemia de meningite da história do país grassava na cidade de São Paulo nos anos 70”.

A omissão das autoridades na época, fertilizou terreno para o avanço da doença, que atingiu todos os bairros e chegou a registrar a média de 1,15 óbitos por dia. A doença se espalhou por vários, inclusive o Espírito Santo.

 


Tudo que você precisa saber sobre a Meningite

O que é meningite?

A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica. Casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais. A ocorrência das meningites bacterianas é mais comum no outono-inverno e das virais na primavera-verão. O sexo masculino também é o mais acometido pela doença.

O que causa a meningite?

Pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. As meningites virais e bacterianas são as de maior importância para a saúde pública, considerando a magnitude de sua ocorrência e o potencial de produzir surtos.

Apesar de ser habitualmente causada por microrganismos, a meningite também pode ter origem em processos inflamatórios, como câncer (metástases para meninges), lúpus, reação a algumas drogas, traumatismo craniano e cirurgias cerebrais.

Bactérias

  • Neisseria meningitidis (meningococo)
  • Streptococcus pneumoniae (pneumococo) Haemophilus influenzae
  • Mycobacterium tuberculosis
  • Streptococcus sp., especialmente os do grupo B
  • Listeria monocytogenes
  • Escherichia coli
  • Treponema pallidum
  • Entre outras

Vírus

  • Enterovírus não pólio (tais como o vírus Coxsackie e Echovírus)
  • Herpes simplex
  • Varicela zoster
  • Epstein-Barr
  • Citomegalovírus
  • Arbovírus (Dengue, Zika, Chikungunya, Febre Amarela, Febre do Nilo Ocidental)
  • Sarampo
  • Caxumba
  • Rubéola
  • Adenovírus
  • Entre outros

Fungos

  • Cryptococcus neoformans
  • Cryptococcus gatti
  •  Candida albicans
  • Candida tropicalis
  • Histoplasma capsulatum
  • Paracoccidioides brasiliensis
  • Aspergillus fumigatus

Protozoários

  • Toxoplasma gondii
  • Plasmodium sp.
  • Trypanosoma cruzi

Helmintos

  • Infecção larvária de Taenia solium
  • Cysticercus cellulosae (Cisticercose)
  • Angyostrongylus cantonesis

A doença meningocócica (DM) causada pela bactéria N. meningitidis, caracteriza-se por uma ou mais síndromes clínicas, sendo a meningite meningocócica a mais frequente delas e a meningococcemia a forma mais grave. As crianças, os adolescentes e adultos jovens têm o risco de adoecimento aumentado em surtos. Os maiores coeficientes de incidência da doença são observados em lactentes, no primeiro ano de vida.


Na meningite pneumocócica (causada pela bactéria S. pneumoniae) idosos e indivíduos portadores de quadros crônicos ou de doenças imunossupressoras também apresentam maior risco de adoecimento.

Como a Meningite  é transmitida?  

Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Também ocorre a transmissão fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes. 

Diferenças nos tipos de transmissão 

Meningite Bacteriana

Geralmente, as bactérias que causam meningite bacteriana se espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Já outras bactérias podem se espalhar por meio dos alimentos, como é o caso da Listeria monocytogenes e da Escherichia coli.
É importante saber que algumas pessoas podem transportar essas bactérias sem estarem doentes. Essas pessoas são chamadas de “portadoras”. A maioria dessas pessoas não adoece, mas ainda assim pode espalhá-las para outras pessoas.

Meningite Viral

As meningites virais podem ser transmitidas de diversas maneiras a depender do vírus causador da doença.

No caso dos Enterovírus, a contaminação é fecal-oral, e os vírus podem ser adquiridos por contato próximo (tocar ou apertar as mãos) com uma pessoa infectada; tocar em objetos ou superfícies que contenham o vírus e depois tocar nos olhos, nariz ou boca antes de lavar as mãos, trocar fraldas de uma pessoa infectada, beber água ou comer alimentos crus que contenham o vírus. Já os arbovírus são transmitidos por meio de picada de mosquitos contaminados.

Meningite causada por Fungos

A meningite fúngica não é transmitida de pessoa para pessoa. Geralmente os fungos são adquiridos por meio da inalação dos esporos (pequenos pedaços de fungos) que entram nos pulmões e podem chegar até as meninges. Alguns fungos encontram-se em solos ou ambientes contaminados com excrementos de pássaros ou morcegos.

Já um outro fungo, chamado Candida, que também pode causar meningite, geralmente é adquirido em ambiente hospitalar.

Meningite causada por Parasitas

Os parasitas que causam meningite não são transmitidos de uma pessoa para outra, e normalmente infectam animais e não pessoas. As pessoas são infectadas pela ingestão de produtos ou alimentos contaminados que tenha a forma ou a fase infecciosa do parasita.

Quais são os sintomas da meningite? 

A meningite é uma síndrome na qual, em geral, o quadro clínico é grave, por isso no momento em que achar que você ou alguém pode estar com sintomas de meningite deve procurar atendimento médico o mais rápido possível. Um médico pode determinar se você tem a doença, o tipo de meningite e o melhor tratamento.

Sintomas de meningite bacteriana 

A meningite bacteriana é geralmente mais grave e os sintomas incluem febre, dor de cabeça e rigidez de nuca. Muitas vezes há outros sintomas, como: mal-estar, náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz), status mental alterado (confusão). Com o passar do tempo, alguns sintomas mais graves de meningite bacteriana podem aparecer, como: convulsões, delírio, tremores e coma.

Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos acima podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letárgico ou irresponsivo a estímulos. Também podem apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anormais.

Na septicemia meningocócica (também conhecida como meningococcemia) que é uma infecção na corrente sanguínea causada pela bactéria Neisseria meningitidis, além dos sintomas descritos acima, podem aparecer outros como: fadiga, mãos e pés frios, calafrios, dores severas ou dores nos músculos, articulações, peito ou abdômen (barriga), respiração rápida, diarreia e manchas vermelhas pelo corpo.

Sintomas de meningite viral 

Os sintomas iniciais da meningite viral são semelhantes aos da meningite bacteriana: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, náusea, vomito, falta de apetite, irritabilidade, sonolência ou dificuldade para acordar do sono, letargia, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz). Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos acima podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letárgico ou irresponsivo a estímulos. Também podem apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anormais.

Sintomas de meningite por parasitas

Tal como acontece com a meningite causada por outras infecções, as pessoas que desenvolvem este tipo de meningite podem apresentar dores de cabeça, rigidez de nuca, náuseas, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz) e/ou estado mental alterado (confusão).

Sintomas de meningite por fungos 

Os sinais e sintomas de meningite fúngica são parecidos com os causados por outros tipos de agentes etiológicos, como segue: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, náusea, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz), e status mental alterado.

Como é feito o diagnóstico da meningite? 

Se o médico suspeita de meningite, ele solicita a coleta de amostras de sangue e líquido cefalorraquidiano (líquor). O laboratório então testa as amostras para detectar o agente que está causando a infecção. A identificação específica do agente é importante para o médico saber exatamente como deve tratar a infecção.

Quais exames são feitos?

Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos de meningite são: exame quimiocitológico do líquor; bacterioscopia direta; cultura; aglutinação pelo látex e Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (qPCR).

O aspecto do líquor, embora não considerado um exame, funciona como um indicativo. O líquor normal é límpido e incolor, como “água de rocha”. Nos processos infecciosos, ocorre o aumento de elementos figurados (células), causando turvação, cuja intensidade varia de acordo com a quantidade e o tipo desses elementos.

IMPORTANTE: Todos os exames laboratoriais estão disponíveis no SUS, e são solicitados pela equipe médica ou de vigilância epidemiológica durante o acompanhamento do caso.

Como é feito o tratamento da meningite? 

Devido à gravidade do quadro clínico, os casos suspeitos de meningite sempre são internados nos hospitais, por isso, ao se suspeitar de um caso, é urgente a procura por um pronto-socorro hospitalar para avaliação médica.


Para tratamento das meningites bacterianas, faz-se uso de antibioticoterapia em ambiente hospitalar, com drogas de escolha e dosagens terapêuticas prescritas pelos médicos assistentes do caso. Recomenda-se ainda o tratamento de suporte, como reposição de líquidos e cuidadosa assistência.


Para as meningites virais, na maioria dos casos, não se faz tratamento com medicamentos antivirais. Em geral as pessoas são internadas e monitoradas quanto a sinais de maior gravidade, e se recuperam espontaneamente. Porém alguns vírus como herpesvírus pode vir a provocar meningite com necessidade de uso de antiviral específico. A devida conduta sempre é determinada pela equipe médica que acompanha o caso.


Nas meningites fúngicas o tratamento é mais longo, com altas e prolongadas dosagens de medicação antifúngica, escolhida de acordo com o fungo identificado no organismo do paciente. A resposta ao tratamento também é dependente da imunidade da pessoa, e pacientes com história de HIV/AIDS, diabetes, câncer e outras doenças imunodepressoras são tratados com maior rigor e cuidado pela equipe médica.


Nas meningites por parasitas, tanto o medicamento contra a infecção como as medicações para alívio dos sintomas são administrados por equipe médica em paciente internado. Nestes casos, os sintomas como dor de cabeça e febre são bem fortes, e assim a medicação de alívio dos sintomas se faz tão importante quanto o tratamento contra o parasita.

Como prevenir a meningite?

A meningite é uma síndrome que pode ser causada por diferentes agentes infecciosos. Para alguns destes, existem medidas de prevenção primária, tais como vacinas e quimioprofilaxia. As vacinas estão disponíveis para prevenção das principais causas de meningite bacteriana. As vacinas disponíveis no calendário de vacinação da criança do Programa Nacional de Imunização são:

  • Vacina meningocócica C (Conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C.
  • Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite.
  • Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.

 

 

 

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